segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Harpia escolhe mata de cambará para fazer primeiro ninho do Pantanal

Amazônia e Mata Atlântica são locais de origem da maior ave das Américas. Reportagem especial comemora os 32 anos de exibição do Globo Rural.

A mata de cambará no município de Barão de Melgaço, no Mato Grosso, está toda amarelada. Esse talvez seja o maior canteiro de mel do Brasil. Além da fauna pantaneira, o cambará em flor abriga um filhote de harpia, visitante ilustre que nasceu quase junto com as flores. O animal parece indefeso. Aos três meses de vida, quando tem a pelugem branca e o equilíbrio precário, o filhote recebe comida no bico e proteção com as asas da mãe. A ave também já gira a cabeça completamente sem mover o corpo, num movimento semelhante ao realizado pelas corujas. Quando atinge os seis meses, o corpo da ave fica bem configurado e as penas atingem um tamanho parecido ao de um animal adulto, aparecendo o penacho. A saída do adulto para caçar dá oportunidade de ataque ao carcará, maior comedor de filhotes de aves do Pantanal. Ainda que seja dos pequenos, o gavião pousa no galho e busca um lugar para dar o bote. Mas quando percebe com quem está mexendo, como bom malandro bate logo em retirada. O documentarista Haroldo Palo conseguiu registrar uma sequência de fotos que retrata a fêmea carregando a presa na garra e pousando em um galho antes de levar a carne para o filhote. Chega ao ninho um macaco sem cabeça e sem outras partes, comidas pelo adulto após a caçada. O filhote come a pele o osso da carne. No final da refeição, resta apenas o esqueleto.


A harpia, em seu ninho (Foto: TV Globo)

A Amazônia e a Mata Atlântica são os locais de origem da harpia, mas os pais do filhote resolveram fazer o ninho na reserva do Sesc, entre os rios Cuiabá e São Lourenço. João Batista Taques descobriu o ninho.Mas em qual medida a presença das harpias pode afetar a fauna com asas do Pantanal? O professor Dalci De Oliveira acha que é só um assunto de aristocracia. “Muda a questão da família real, uma vez que já temos o rei, que é o tuiuiú, e agora chegou a rainha, que é a harpia”, responde. Uma equipe de estudiosos de aves montou um esquema de observação tanto da terra quanto da torre, com a colocação de um mirante sobre um andaime de 18 metros de altura a 30 metros do ninho. “Esse é um bicho invisível. Ele aparece muito pouco. Quando vem, fica pouquíssimo tempo no ninho. A gente passa 12 horas por dia observando e vê o bicho cerca de um minuto. Ele bate as asas sem fazer ruído”, explica o documentarista Haroldo Palo. O escalador Olivier Jaudoin e a doutora Tânia Sanaiottis vão à região para capturar o filhote. Com uma baladeira que mais parece um estilingão com cabo de embaúba, Olivier mandou um fio de náilon na forquilha de uma árvore próxima ao ninho. Depois, ele organizou as cordas e, como se estivesse pedalando, começou a escalada. Em cima da árvore, o escalador observou se a forquilha do ninho era forte o suficiente para se apoiar quando fosse pegar o filhote. Para não assustar desnecessariamente o filhote e por segurança de quem sobe na árvore, a pega foi feita durante a noite. O escalador Benjamim da Luz ajudou na operação. Em pouco tempo, o filhote estava na mesa. Uma venda cobria o bico e o olho da ave para não estressar o animal. A equipe anotou as medidas das asas, das penas da calda e das garras. Depois, os biólogos retiraram uma amostra de sangue. Por fim, foi presa uma mochila com rádio transmissor nas costas do filhote. “Uma harpia chega a viver cerca de 40 anos na mata e 50 anos em cativeiro”, diz doutora Tânia. Passado um mês da captura, o filhote encorpou e cresceram penas ao longo do corpo, no peito e na área do pescoço. O fato mais importante desse período foi o abandono do ninho. A ave só volta ao lugar para comer, quando os pais, cada vez mais espaçadamente, levam alimento. Nessa fase, o filhotão vive de galho em galho movimentando as asas e fazendo até alongamento, ficando em cima de uma perna enquanto estica a outra para exercitar a musculatura. Um casal de harpias cria um filhote a cada três anos. Chama-se de águia o gavião de porte maior. No Brasil, existem a harpia e a águia do cerrado. Também há outros três gaviões grandes, chamados de pega-macaco: o iraçu, ou falso gavião real; o gavião de penacho, quase extinto; e o pega-macaco propriamente dito, da Mata Atlântica. Nas águas de 2011 no Pantanal, quando a área do ninho inundou, um animal pegou o filhote. Mas, em um comportamento comum em caso de perda de filhote, o casal reformou o ninho e faz novamente a cria.

FONTE: http://g1.globo.com


NOTA DO BLOG: Mais uma matéria sobre ecologia/zoologia em que a TV Globo nos dá a chance de constatar a importancia da escalada de árvores para compreensão e estudo da nossa fauna e flora! Vale a pena conferir a máteria!! Os links no YouTube são:

Primeira parte: http://www.youtube.com/watch?v=RSsPvVQM9nU
Segunda parte: http://www.youtube.com/watch?v=3DNb7_HpTD8&feature=mfu_channel&list=UL

Boas Escaladas!

Alexandre Coletto

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